sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Oi sumido

 Começo não sabendo por onde começar, acho que com um oi, a sei lá quem, a esse blog abandonado (mas nunca esquecido) de tantos anos... Bom, prefiro que seja a Deus.

Oi, então, né...

Hoje eu queria dizer que passei por uma semana muito, maluca? podemos dizer assim. Escrevo isso ao som de Soen e a companhia de uma taça de vinho, talvez a terceira na verdade. 

Vim aqui primeiramente agradecer, eu tive tanto medo, a vida inteira, desde que nunca mais escrevi nesse blog, e eu pedi tanta coragem, pois bem, agora Deus me deu. 

Engraçado lembrar de como eu nunca fui capaz de pedir pro medo ir embora, talvez ele fosse uma companhia que me abraçava, que me mantinha segura. Tola eu, mal sabia que esse "abraço" era meu maior inimigo.

Querido blog, não. Querido Diário, alias, Querido Deus, eu nunca fui feliz no meu trabalho, e em nada que trabalhei, cheguei a pensar que era preguiçosa, que não gostava de trabalhar, e hoje eu tive o gostinho de saber como é trabalhar com o que se ama. Poderia ter descoberto isso antes? Sim. 

Não, na verdade não, porque hoje entendo que tudo tem seu tempo.

Querido Deus, eu costuma escrever poemas e histórias aqui, mas hoje eu vou simplesmente contar, contar coisas. 

Se eu parar pra pensar na minha vida, toda... Bom, quanta coisa, quanto aprendizado, posso dizer que sou uma pessoa grata, por tudo que vivi, até por toda dor. Não seria quem sou hoje, e, querido Deus, eu gosto de quem sou hoje. 

Não consigo nem imaginar uma realidade diferente. Se minha mãe não tivesse morrido, se minha irmã não tivesse morrido, como elas seriam hoje? Como eu seria hoje?

Costumam dizer que eu sou forte, pois bem, eu sou, mas por muito tempo eu escondia o choro, a dor. Já tinha gente demais sofrendo, eu tinha que ser a que empurra marés (como escrevi no pulso), e tudo bem, eu fui. Hoje, querido Deus eu me permito chorar, eu não tenho mais que segurar minhas emoções, e me sinto muito livre e ainda sim forte, pois isso tudo não significa fraqueza. Hoje se precisar eu posso chorar aos pés do meu pai. Querido Deus, hoje somos eu e ele, como vou esconder meus sentimentos? Naquele momento eu precisei, e entendo isso, mas hoje não mais. E meu pai, pois bem... ele é igualzinho a eu do passado não é mesmo?

Querido Deus, obrigada por essa semana, por esse mês, por essa vida... por me mostrar o caminho, eu senti confiança em ti, fé, e você me mostrou que não se fecha uma porta sem abrir uma janela, clichê não é mesmo? Pois que seja, sempre fui uma pessoa... digamos que fria... talvez culpa do signo, talvez eu culpe o signo, acho que era por não me permitir absolutamente nada. Eu não era livre.

A Nicolly de hoje não é mais a Nicolly de 4;8;10 anos atrás, e é muito louco pensar nisso, como eu mudei, como me permito amar e ser amada, como aceito chorar, e como aceito o julgamento, aceito ser imperfeita, aceito não ter uma casca que proteja meu coração. As vezes não há como proteger o coração.

Hoje meu Deus, eu só quero agradecer.









segunda-feira, 18 de julho de 2011

Samba de menino

  Ouvi dizer que o teu samba é complicado menino, que me enrola, me desgruda, me sacode, me lambuza. Ouvi o batuque apavorado nos meus ouvidos invadidos pelo vento. Olhei pro teu cabelo balançando no ritmo que quase sempre me confunde. Ouvi seu coração apavorado menino, dizendo não saber o que te assusta, dizendo não saber porque me busca. Sabe eu que teu samba tem muito mais do que som, teu samba tem poesia, tem alvoroço, tem paixão. Me enche de cor, menino, me enche de amor, me coloque nessa dança, me leve, me balança. Quero o toque dos seus dedos cor de mar, quero o aconchego desses braços no meu abraço, faça-me  tua saudade menino, faça-me tua vontade. Conte-me o que seus olhos dizem no silêncio dos teus lábios que mal sabem o que falar. Coloque seu pescoço no encosto, do sofá da sala de estar. Quero ouvir suas histórias, entrar na tua hora, só sair quando cansar. Venha ser o oposto do que nunca vou gostar, depois ouça o sufoco do meu som ao te deixar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O meu amor...

O meu amor não é um homem, o meu amor não é uma mulher, não é um amigo, nem um animal, não são meus pais, nem meus irmãos. O meu amor é o turbilhão de sentimentos que me cria. O meu amor sou eu. O meu amor é meu. Permitindo que meu coração possa escolher a quem amar, sem substituí-lo, evitando assim com que eu morra quando ele partir, porque meu amor é o que me da forças para amar sem deixar que o levem embora.

Amar a si mesmo e não criar o mundo em volta de ninguém é o que te mantém em pé, por muito mais tempo.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Meus favoritos olhos verdes


Afago-me em dias curtos, talvez dias que não me afaguem. A falta que você faz é exorbitante, constrangedora, diria por entre esses dias. Tento me prender a livros, a filmes... Porém os mesmos só me trazem você a tona. 2 de maio... Como queria que ninguém houvesse me lembrado desse dia há 3 anos atrás. Ainda ouço o ruído de o copo cair no chão, seu corpo vagarosamente cambaleando sobre meu colo. Um riso, logo após o desespero. Gritos. O barulho deles parecia ecoar em minha mente, cada vez mais grave. Nunca se passaram tantas coisas em minha cabeça em uma fração tão minúscula de segundos. Segundos que pareciam não acabar. O pescoço endurecido. As pupilas dilatadas escondiam o verde de seus olhos, desejava que a calma deles estivesse ali. Vomito pelo quarto. Olhares aflitos. Todo centímetro de pele arrepiava/tremia. Os degraus que pareciam nunca acabar - Não chore, vou ficar bem. Essas sim, me soam como tambor (que sei que nunca irão parar de bater). Barulho da ambulância. Lembro-me de risadas ágeis e despreocupadas do cochichar das enfermeiras e meu sangue subindo, sozinha ali sem saber o que dizer ou fazer. Lembro-me também de um banheiro. Eu vestia um pequeno vestido vermelho, florido; trança nos cabelos; olhos fundos, cheios de medo. Preces que não paravam. Lágrimas desesperadoras refletiam no espelho. Perguntei em meio ao silêncio - Vai ficar tudo bem, não vai? - mas não obtive resposta. Ruas vazias e a única pessoa que eu jamais havia de ter visto chorar estava ali ao meu lado em prantos, com as mãos no volante. Queria ter me agarrado naquelas mãos para me equilibrar, mas elas estavam tão frágeis quanto as minhas. Semanas passando, olhos brilhando cheios de esperança. Mesmo que no fundo sabia exatamente o que iria acontecer. Só estava tentando esconder do meu coração. Ele ainda não poderia saber disso, estava machucado demais, sozinho demais. Lembro-me da persiana do quarto de hospital em que você brincava sem parar. De como seu orgulho era evidente quando dizia à enfermeira que era professora de história, e um sorriso aparecia depressa. Noites em claro. Cada piscar de olhos era um susto.
- Por que você não dorme?
- Porque estou esperando você dormir
- Mas eu também estou esperando você dormir, sou eu quem cuida de você
- Hoje vamos inverter os papéis hoje ok? Minha vez de cuidar de você - disse eu com a voz fraquejando e segurando as lágrimas para parecer quem sabe um pouco forte, pois sei que ela entendia perfeitamente o que estava acontecendo. Ela sabia. Um aviso... De repente me explicaram o que estava acontecendo, confesso que a principio não entendi direito. Dei de ombros. Só queria cuidar dela, me esquecer disso e a envolver em meus braços (na verdade queria que ela me evolvesse nos dela). Depois de entender fiquei imaginando o que se passara por dentro do seu corpo enquanto tudo acontecia como naqueles seriados de plantão médico. Passaram-se dias que faziam com que cada respiração minha doesse um pouco. Agora eu via bolhas por toda parte de seu corpo. Como ele havia inchado. Se não fosse pelos meus favoritos olhos verdes podia jurar que não era você ali. Já não falava, apenas passeava com os olhos por entre meu rosto. - Agora tenho que ir, ok? - disse eu ao ter que sair da sala. Sinto um apertar em minhas mãos me segurando mais alguns segundos ali como se dissesse: fique mais.. Não vá embora - e um olhar suplicante de alcance aos meus. Mas tive que ir e nunca mais os encontrei novamente.

Estante velha

Vemos o passado, todo o tempo. Ele vem atormentar, mas ao mesmo tempo ele gosta de ensinar.
Não olhar pra trás é muito relativo. Tudo que vivemos, ou passamos, serve/serviu pra algo. Vale a pena cada segundo, cada erro e cada acerto.
Quero ser como uma estante velha de livros. Guardar histórias, das mais diversas, ter entendimento e leva-las comigo, pra onde for. Também quero ter estantes velhas ao meu lado para que possamos trocar livros o tempo todo.
Histórias e experiências ensinam e amadurecem. Adoçam ou amargam qualquer pessoa, só depende da forma como é interpretada. Quero interpretar, certo ou errado, não importa...
Só desejo morrer uma estante velha. Pois, desejo morrer grande, nada mais
!